domingo, 7 de junho de 2015

NOITE GELADA










Como suportar esse duro e intenso frio?
Como equilibrar essa baixa temperatura?
Como se livrar do insuportável arrepio?
Que sujeita O Ser a uma continua tortura.

Lá fora o frio corta feito uma navalha bem afiada,
No telhado o vento uiva tal lobo faminto na selva,
Como é bom sentir calor sob o edredom enrolado,
Mas, a baixa temperatura castiga ao desnorteado.

No gelo da morte, domina a maldade e o pecado,
O sangue congela nas veias, e o coração encalha,
O edredom está distante e o calor esperado falha,
O frio na escuridão da noite agride ao descuidado.

Na ótica distorcida, vive da morte um enfeitiçado,
Na frieza da mentira se deleita, um pobre coitado,
Quem disse que esse intenso brilho aviva o peito?
Quem falou que essa rota perdida, ilumina o eito?

Irresignado, insiste na linha do frio, um enganado,
Na ilusão do calor material, padece a alma gelada,
O arrepio intenso não esquenta o coração calado,
Nuvens densas inviabilizam o edredom esperado.

A fadiga aperta, a luta inglória explode a memória,
O lutador teima mas, o fundo do poço se aproxima,
O frio aperta, o calor falaz, se rende à dura história,
No meio da morte, um filete de lembrança, ensina.
  
Já esgotado, o guerreiro abraça o fio de lembrança,
Tal, o náufrago, que se apega ao sinal de esperança,
Segue olhando naquela direção e supera as nuvens,
Um céu se abre após as nuvens que a mente alcança.

Choros de festas, cânticos de amor, risos de crianças,
A alegria se instala depois das nuvens, além do muro,
O guerreiro compreende a tragédia, a danosa aliança,
Aceita o triste estado e o viés que o deixou em apuro.

Entende os erros, humilha-se, decidido se arrepende,
Procura já em desespero pelo edredom que conforta,
Afasta o gelo, o peito acende, o coração pulsa aquecido,
O sangue jorra, uma nova vida é o que agora importa.






Nenhum comentário: