quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

SAUDADE








Uma dor que o médico não pode diagnosticar,
Uma doença que o remédio não pode curar,
Um estado de espírito , que não quer passar,
Um passado que insiste tanto, tanto em ficar.

É o duro presente que aqui não pode estar,
É o futuro que o ser se recusa a encarar,
Uma alegria que não consegue se alegrar,
Uma recordação que o peito teima em lembrar.

É o sabor apreciável que fica no paladar,
O gosto mais gostoso que não se pode provar,
O tempero cheiroso que não se pode experimentar,
O manjar preferido, que não se pode mais degustar.

É o sorriso discreto, por trás da boca escondido,
O olhar sereno, que tanto já foi descontraído,
O semblante introvertido, em meio a toda euforia,
Uma lembrança constante, que quase vira mania.

É uma peripécia que fica gravada na mente,
A verdade de quem quer enganar a gente,
A lágrima que denuncia o sorriso que mente,
A indiferença que trabalha num peito dormente.

Sinto saudades de um tempo distante,
Daqueles que na minha vida foram marcantes,
De coisas simples ou de outras importantes,
E até do presente, quando saio em busca do bastante.

Não importa o tempo, menos ainda a temperatura,
O peito sangra lentamente em qualquer idade,
Uma enfermidade que não mata mas não tem cura,
Eis a minha simples definição da palavra SAUDADE.

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