sexta-feira, 17 de junho de 2016

VAGOS PENSAMENTOS












Pensamentos meus, onde me levas agora?
De ondas e vagas, firmes que se propagam,
Numa viagem serena, por quem não tem pena,
Do coração que reclama a ausência da mais bela cena.
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Na brisa mais lisa, desliza mundo afora, sem hora,
Ao sabor do vento supero o lamento e lágrimas que rolam
Estás tão longe, mas, presente na minha mente agora,
O abstrato me encanta, me faz delirar, e abraçar,
O imaginável que se instala, cresce e me faz viajar.
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Viajo contigo, não ligo, ofereço meu ombro, aceito o abrigo,
Você nem me vê, mas estou bem aí, juntinho de você,
O vento bate na face, percorre o meu peito, tira o efeito,
O sangue ferve, a velocidade cresce, mas, me vejo inda no eito.
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Do Norte, um sinal me persegue, nas águas do grande rio,
Na densidade do verde, dois brilhantes, indicam o caminho,
Na fartura do ar mais puro, o intenso brilho me faz arrepios,
No clarão da noite, supero o açoite, e vou cobrindo o vazio.
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Do Sul, o vento sopra com força, afastando dilemas,
Que crescem num labirinto profícuo, onde a razão ensina,
Que nas teias avessas, de uma vida densa e serena,
Não se criam, motivos que se perdem em qualquer esquina.
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Dos confins mais longínquos, me chegam a todo instante,
Notas dedilhadas, de um belo canto, sussurros inebriantes,
Gotas bem dosadas de um pensamento marcante,
Que ficou gravado na mente de um teimoso viajante.
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Naquelas bandas, distante que só, reside um fascínio,
Que espalha seu brilho, seduz o andarilho, sem dó,
Contagia seu ambiente, perfuma a atmosfera tão pura,
Arranca elogios, sufoca a razão, fazendo esquecer os brios.
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Voando mais alto, após as nuvens me deleito na cor da neve,
Que escreve uma mão caprichosa, enfeitando a beleza,
Nas belas corredeiras, que se escondem com graça e leveza,
Onde a perfeição exagera na parte mais rica da natureza.
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Nos ramos doirados, coloridos e aveludados que buscam o chão,
De uma árvore tão bela que se destaca no meio da densa selva,
Atraindo os olhares de toda a fauna reunida, tendo a flora na mão,
Exalando o perfume que estonteia, orvalhando a ávida relva.
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O pensamento segue, subindo ladeiras, quebrando pedras,
Superando desafios, abrindo caminho, em busca da recompensa,
Das contas inebriantes que nem me dão contas, e derrete o peito,
Fico sem jeito, pelas frestas que restam, abraçando lembranças.
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Me contento com pouco, não quero muito, não quero nada,
O peito vibra no registro que traz, isso basta é o que me apraz,
Gravando contente a marca da mente e a imagem que sente,
Que vale a pena olhar, aplaudir a beleza, inda que longe se faz.

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