quarta-feira, 15 de junho de 2016

O CANTAR DA SERIEMA








Esse cantar estridente me faz contrair o peito,
Me traz de volta um mundo quase perfeito,
Quando na inocência vivia sem conhecer direito,
Os percalços da vida, que surgem de todo jeito.

Me obriga a viajar na contra - mão do tempo,
Em busca da história, gravada no pensamento,
A mente desliza na carona leve, ao sabor o vento,
O orvalho se mistura na face e no meu olhar sedento.
.
Me faz relembrar as lindas cenas, bem antigas,
Bem gravadas, e definidas num canto da mente,
O pé da serra bem íngreme e o arrepio da subida,
O curral da sede esquecido, ferindo a alma da gente.
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O contraste na relva do morro e nas cercas da divisa,
Onde as aves pousavam nas suas idas e vindas,
Nos finais das belas tardes, já na boca da noite serena,
Ouvíamos o cantar alegre da imponente Seriema.
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A caminhada feliz em busca do ingá maduro,
Que nas grotas era farto, e no destino da gruta,
A turma fazia a festa naquele ambiente seguro,
E mais alegre todos ficavam, na colheita da fruta.
.
A casinha simples, num canto do morro escondida,
Certamente chora lembrando daqueles dias antigos,
Quando cheia vivia, abrigando a nós e muitos amigos,
E a outros que lá chegavam em busca de um abrigo.
.
O peito voa na saudade, dos feitos daquela vida,
Me lembro das empreitadas correndo no campo aberto,
À - pé, rompendo a macega, ou a-cavalo no dia-a-dia da lida,
Buscando na relva orvalhada, o gado para o manejo de perto.
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Feito o violeiro sereno que esquece muito contente,
Ao dedilhar sua viola, de seus muitos problemas,
Deixo o dia num canto, para me ocupar só da mente,
Ao ouvir o belo cantar dessa linda Seriema.

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