segunda-feira, 14 de março de 2016

LENDAS DA MINHA INFÂNCIA









Levei um coice e nem vi a cara,
Foi como o tiro que uma arma dispara,
E o autor dessa lamentável façanha,
Um estúpido ou a um bruto se compara.

Parece aquelas estórias de antigamente,
Que nos contavam num tom bem natural,
Mas a perplexidade tomava conta da gente,
Ao desenharem a figura de um estranho animal.
Lembro-me muito bem de seu Chico Machado,
Que às tardes lá em casa, na boca da noite, chegava,
Logo se ajeitava na sala, e no banco se encostava,
De "butuca" nos aproximava para ouvir o que contava.
Falador igual aquele poucos eu vi, amigo que só,
Um jeito extrovertido e um sorriso largo na boca,
Atraía a nossa atenção, de um modo que dava até dó,
Ficávamos até alta noite, ouvindo as estórias loucas.
De cobra sucuri que engolia um boi inteiro,
Que pegava no focinho e na árvore a calda enrolava,
O bicho se afastava se esforçando no desespero,
Tentando se livrar da bicha, mas de nada adiantava.
Do lobo preto da meia-noite, que em família vivia,
Era um cara maluco que no povoado existia,
Que quando se transformava, nem 20 homens podia,
Passava uma rasteira em todos e para o mato fugia.
Tem o caso daquela serpente que seguia aos caçadores,
Sua calda venenosa, na raiva, matava tudo em que encostava,
E o que mais a enraivecia era uma luz acesa, de noite, no mato,
Os invasores, tremiam ao ouvirem seus pios, que deles se aproximava,
E mais essa onde o corpo não tinha a parte principal,
Você que é muito esperto, descubra se for capaz,
Do que estou falando, a resposta está aqui e é bem igual,
São coisas da minha infância que uma louca saudade me trás.

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