...CONTINUAÇÃO...
2.3.2.2.2 -
Segundo dia de morte espiritual:
O segundo
dia da morte espiritual corresponde ao dia em que o pecador começa a colher os
frutos de seus projetos malignos, na verdade, é o dia em que ele alcança a
maior distância da presença de Deus e se acha mais longe do seu Criador.
Assim
como no primeiro dia, também no segundo o pecador não suporta nem ouvir a
palavra Deus e se desvia, evita ou rejeita qualquer direção que o torne à
presença do Senhor.
A
cegueira espiritual o envolve de forma poderosa, julga-se dono de si, todos em volta estão
errados, ele é o único certo e segue seus projetos de cerviz endurecida como se
fosse o maior de todos e o dono do mundo.
Como
exemplo podemos nos valer também do Filho Pródigo quando gastava seus recursos
com as prostitutas (Lucas 15. 13 e 30) ou ainda podemos nos valer do rico
insensato de Lucas 12.19, dizendo: “Alma tens em depósitos muitos bens, para
muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te”.
Note que
esse segundo dia não nos fala necessariamente de riquezas materiais, mas de um
estado em que se encontra o espírito do homem que se julga rico espiritual e
que não precisa de Deus.
Esse ser
humano pode ser um milionário ou alguém que nem mesmo tenha onde morar e viva
jogado pelo meio das ruas.
Posso
citar ainda como exemplo um fato ocorrido comigo nesses dias, enquanto eu
redigia exatamente o tema em
destaque. Ao realizar um trabalho de evangelização,
encontrei-me com um cidadão que não teve cerimônia em revelar-me seus
desencontros. Dizia aquele homem que estava sofrendo muito, que seu estado era
de desespero, contudo não aceitava que eu lhe falasse de Jesus em hipótese
alguma. Afirmava ele que sabia perfeitamente que Cristo é o único caminho, mas
não queria saber dessa direção, que preferia o mundo, a prostituição, as
noitadas, etc.
Eis aí
mais um caso típico de morte espiritual no segundo dia, pois em tal situação o
Senhor não pode se manifestar ao pecador, porque existe de sua parte uma forte
decisão de rejeitar a Deus. No seu interior, ele rejeita sistematicamente a
presença de Deus. A esses o evangelho nem mesmo pode ser pregado, como nos
ensina o Senhor Jesus na passagem em que João Batista
envia dois discípulos a indagar os passos do Mestre e recebe a seguinte
resposta: “.vai e diz a João: os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são
purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é
anunciado o evangelho, (Mateus 11.5). Ensino semelhante se acha em Isaías
61.1-3 e 66.2)
O Senhor
diz que o evangelho é anunciado aos pobres, mansos, humildes, contritos e não
aos ricos. Esses “afortunados” não nos falam absolutamente de riquezas
materiais. Na verdade, o ensino exclui aqueles que se julgam ricos espirituais,
pois esses sustentam agressivamente e até ameaçam batendo no peito: “Eu não
preciso de Deus”, por isso o Senhor não pode se manifestar. Referidas pessoas
ridicularizam o evangelho e zombam do Criador daí por que nem mesmo podem ser
alcançadas pela pregação das boas novas. Esses “ricos espirituais” vivem a
plenitude do segundo dia da morte espiritual.
A esses o
Senhor não pode se manifestar porque eles se fecham para Deus. São alvos de
bênçãos diariamente e muitas vezes chegam a pronunciar um “graças a Deus”, mas
nada querem com o Criador, chegam quem sabe, até mesmo a visitar uma igreja, a
convite do cônjuge, de um parente ou de um amigo, porém a mensagem nunca lhes
diz absolutamente nada e permanecem distantes como se Deus nem mesmo
existisse.
Esperam
desesperadamente que a chuva que a todos é enviada venha irrigar as suas hortas
e o Sol que consolida o milagre da vida em todo planeta venha sustentar os seus
plantios ou os seus projetos do dia-a-dia, no entanto rejeitam sistematicamente
o Criador do Sol e da Chuva. O sentimento egoísta domina o comportamento de
tais pessoas, querem tudo para si e nada para o Deus. Daí porque o Senhor
permite que sigam seus tortuosos caminhos e não interfere, embora não deixe de socorrê-los,
mesmo que não sejam capazes de um agradecimento sincero.
Nesses
dois primeiros dias de morte espiritual, o Senhor permite que o pecador ponha
em prática o seu plano pecaminoso, avance nessa direção e não interfere para
que o tal chegue por si mesmo à conclusão da inutilidade de seu projeto e de
sua incapacidade para concretizar positivamente algum feito nobre. Muitos
entendem essa verdade e começam logo a tomar o caminho de volta, ingressando no
terceiro dia de morte espiritual, mas a grande maioria, jamais se rende e passa
a vida inteira, de costas viradas para o Criador.
Isso explica o ensino
registrado em João 11.6, quando Jesus aguardou ainda dois dias no lugar onde
estava para depois sair ao socorro de Lázaro, pois enquanto não passarem esses
dois dias de morte espiritual, ou seja: “enquanto o pecador não cair em si” ou
“enquanto não entender que por si mesmo nada pode” o Senhor não pode socorrê-lo
e nem a ele se manifestar. É no decorrer desse dia que importantes ensinos
sagrados são ministrados, como por exemplo:
“Aquele que, sendo muitas
vezes repreendido, endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja
cura”.
Provérbios 29.1
“Disse então: Farei isto:
derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos
os meus cereais e os meus bens;”
“e direi à minha alma: Alma,
tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe,
regala-te”.
“Mas Deus lhe disse:
Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem
será?”
Lucas 12.18-20;
“Porquanto dizes: Rico sou,
e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e
miserável, e pobre, e cego, e nu;”
“aconselho-te que de mim
compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para
que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua [nu]dez; e colírio, a fim
de ungires os teus olhos, para que vejas”. Apocalipse 3.17,18
Fato
importante deve ser observado: a morte física de qualquer pessoa que partiu
deste mundo sem aceitar a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador
acontece sempre no segundo dia de morte espiritual, pois os tais jamais
aceitaram a manifestação do Senhor em suas vidas, a qual ocorre sempre no
terceiro dia de morte espiritual, como veremos a seguir.
2.3.2.2.3 -
Terceiro dia de morte espiritual:
O
terceiro dia de morte espiritual é marcado pelo fracasso dos projetos pessoais
do pecador. Nesse dia, a frustração e a desventura obrigam o homem a dar meia
volta e começar a palmilhar o caminho de volta. A infeliz direção desse caminho
teve início no primeiro dia de morte espiritual, contudo agora o aventureiro
percebe que subiu alto demais e os instrumentos que possui não o podem
sustentar. Então começa a descer, não porque buscasse isso de coração, mas porque
a sua incapacidade e incompetência passam a se manifestar.
Os
problemas começam a surgirem com freqüência.
As vitórias são escassas e as derrotas estão sempre presentes. Os amigos se afastam, os recursos acabam, as
doenças aparecem.
O homem
já não tem tanta certeza ou segurança sobre sua fortaleza e começa perder a
confiança no seu Eu, contudo, insiste mesmo caindo aqui e levantando ali, o que
só faz acentuar a fragilidade, inconsistência e vulnerabilidade que compõem a
sua estrutura. Seus limites vão ficando cada vez mais evidentes fazendo com que
ele comece a compreender seu real estado diante de Deus.
Novamente
podemos nos valer do exemplo do Filho Pródigo: após perder todos os seus
recursos e se achar alimentando os porcos e se valendo do mesmo alimento para
sobreviver, (Lucas 15.14-16).
É nesse
dia que o Senhor começa a se manifestar na vida do pecador. O amor e a
sabedoria divina detectam o momento mais oportuno e muitas vezes, enquanto o
homem caminha disperso, inconformado com infortúnios ocorridos em sua vida, sem
que ele menos espere, ao passar em frente uma igreja, ouve uma mensagem: Jesus
é a única esperança, ou mesmo no desespero da luta inglória, alguém chega e lhe
oferece um folheto ou uma palavra consoladora, apontando que o caminho certo é
Jesus,
Apesar
disso, o pecador insiste com velhas estratégias ou novas táticas, buscando
quase no desespero se auto definir e mostrar que é capaz sim, travando uma
forte batalha contra si mesmo.
O orgulho
ferido nem sempre permite a rendição instantânea e todos os esforços
empreendidos somente vão minando suas forças e impulsionando-o violentamente
ladeira abaixo, até que ele se ache absolutamente esgotado, humilhado,
destruído moralmente, sem recursos de qualquer natureza, muitas vezes endividado
ou acometido por moléstias de toda sorte. Por mais que busque ao seu redor, já
não encontra nada no mundo material em que possa confiar e o fundo do poço se
aproxima rapidamente.
A alma
quebrantada e sofrida do pecador castigado por sua própria insensatez já não
oferece mais resistência à presença de Deus e, aos poucos, o Senhor vai
mostrando que somente Jesus Cristo é o caminho a verdade e a vida, e nesse
momento outro ensinamento é oferecido:
“Tenho, porém, contra ti que
deixaste o teu primeiro amor”.
“Lembra-te, pois, donde
caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente
virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres”.Apocalipse 2.4-5
Lembra-te de onde caíste, ou
seja: lembra-te do teu primeiro dia de morte espiritual ou de quando pecaste
pela primeira vez, ou de quando ingressaste no caminho da morte, deixando o
caminho da vida, quando ainda eras apenas uma criança.
De fato,
o terceiro dia de morte espiritual tem essa marca importante: o pecador precisa
deixar de ser o tal, abandonar a bandeira do orgulho, do “Eu sou”, do “Eu
posso”, do “Eu faço”, abdicar de toda maldade, dos maus pensamentos, dos
propósitos malignos, de toda sorte de impurezas, e regressar aos dias da
indefesa criança, que não guarda rancor, nem se aventura em projetos pessoais,
que depende do Criador para tudo, até para o mais simples alimento e aqui o
Senhor nos proporciona outro ensino sagrado:
“e disse: Em verdade vos
digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo
algum entrareis no reino dos céus”. Mateus 18.3
Quando esse entendimento começa a entrar na
cabeça do homem, sobretudo quando ele
passa a compreender o estado de contaminação e impurezas que adquiriu nos dois
dias de aventura em que esteve longe do Senhor, então está prestes a ingressar
no quarto dia de morte espiritual.
O que
marca o terceiro dia de morte espiritual é o fato de que o pecador começa a
considerar a existência de Deus e a entender que nada no mundo material lhe
pode socorrer, permitindo a manifestação crescente do Senhor em sua vida.
Muitas vezes o ser humano alcança esse entendimento e toma uma decisão séria de
se voltar para Jesus antes mesmo de enfrentar o doloroso caminho da derrota e
do fracasso que marca o regresso de muitos.
2.3.2.2.4
- Quarto dia de morte espiritual.
O quarto
dia de morte espiritual do pecador ocorre exatamente quando ele entende que
nada no mundo material lhe pode socorrer e que a solução presente é e será
sempre a ação infalível do Senhor Jesus.
Na
maioria das vezes, esse entendimento acontece na vida do pecador quando ele já
se encontra no “fundo do poço”, após perder tudo de valor que julgava possuir e
ver esgotados todos os seus esforços no sentido de se firmar perante a família,
a sociedade e, sobretudo, perante si mesmo.
A essa
altura, o pecador já alcançou o ponto que um dia deixou, para seguir o caminho
da morte espiritual e voltou a ser como uma singela criança que se entrega
totalmente nas mãos do Criador.
Quando
essa compreensão acontece e o pecador toma a decisão de se entregar a Jesus, a
luz maravilhosa do Senhor brota no seu entendimento de forma espetacular,
exatamente como aconteceu com o Filho Pródigo conforme registrado em Lucas
15.17-19.
Note que o número “4” , representa biblicamente tudo
aquilo que é completo na terra.
De fato,
o pecador somente se volta para Deus quando se esgotam ou se completam todos os
seus esforços no sentido de se auto-afirmar. Nada existe no mundo material que
o possa socorrer, em nada mais pode confiar e aí então ele entende que Jesus é
a única solução, o único caminho, a única verdade e a vida, e nesse momento
toma a importante decisão de receber o Senhor, abre as portas do seu coração
para o Filho de Deus e aí acontece o milagre da ressurreição.
Desde
então esse homem nunca mais será o mesmo, transformou-se numa nova criatura,
terá nojo do pecado e não suportará mais os hábitos da sua velha natureza,
buscará intensamente a presença de Deus e não saberá mais viver de outra forma.
Assim concluímos este estudo, no
qual procuramos demonstrar os preciosos ensinamentos de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo, revelando-nos toda a sua obra missionária na vida dos três irmãos
( MARTA, MARIA E LÁZARO)..