Para uma perfeita compreensão desse assunto, recomenda-se absoluta renúncia a qualquer
expectativa carnal e intensa entrega a procedimentos inerentes ao comportamento
de nosso espírito, aliás, essa preocupação norteou todo o trabalho empregado na
elaboração deste estudo.
Deus é espírito e a nossa identidade deve revelar absoluta
compatibilidade e sintonia com essa dimensão, nela procurando absorver as
orientações divinas, pois o homem que anda segundo os conselhos da carne não
compreende os assuntos espirituais.
O apego do ser humano aos vícios e defeitos carnais o
mantém preso num patamar inferior, revel às diretrizes sagradas, afastado do
Criador e absolutamente aquém das pretensões divinas, pois sendo o homem criado
à imagem e semelhança de Deus - um ser espiritual - nesse nível deve se posicionar
e como tal precisa se conduzir.
Do mundo
material, o espírito humano deve pretender apenas o que for necessário à
perfeita manutenção, bem-estar e sobrevivência do corpo, que é a sua casa, e
ainda assim, sob absoluta dependência ao Todo Poderoso.
Eis aí um mistério que nos
desafia:
Abrir mão de todos os anseios carnais que desagradam a
Deus, reduzir as pretensões humanas à vontade do Senhor, manter sob severa
escravidão toda impetuosidade terrena, reservar ao todo Poderoso sempre o lugar
mais importante de nossas vidas.
Isso não quer
dizer que devamos deixar nossas atividades cotidianas, cruzar os braços e
esperar que Deus mande diariamente nosso sustento ou resolva nossos problemas
sem que nos movamos.
Pelo contrário, o Senhor nos quer ativos e atuantes em
nosso dia-a-dia, convivendo harmoniosamente com nossos semelhantes,
especialmente se eles não forem conhecedores do evangelho de Jesus, pois assim
serão beneficiados pela luz que de nós irradiar, e quem sabe, por meio de nosso
testemunho, possam também vir ao conhecimento da verdade.
Da mesma forma, não significa que devamos doar ou repartir
todos os nossos bens. Tal atitude, se adotada de forma canhestra, não encontra
amparo na Palavra de Deus.
Não obstante, devemos colocar tudo à disposição do
Altíssimo e nos submeter inteiramente às pretensões divinas.
Note-se, todavia, que, o Senhor
não anda à procura de bens materiais, até porque tudo Lhe pertence mesmo. Tudo
que está em poder do rico ou do pobre sejam eles salvos ou perdidos, tudo é de
Deus e vejam que tolice: o homem se apropria de um punhado de bens, senta sobre
a vil matéria e grita bem alto agredindo ao próprio peito, desejando que muitos
o ouçam: “Isso tudo
é meu, eu adquiri com meus esforços”.
Quanta ignorância! Não percebe o
insensato que, se tem alguma coisa, é porque o Senhor lhe permitiu que tivesse,
contudo, o que faz é virar as costas ao Criador e até se transforma num inimigo
dAquele que tudo lhe dá, não somente as riquezas materiais, mas principalmente
a vida e a saúde que lhe permite desfrutar de tudo que adquiriu.
O que o Senhor procura no ser
humano é um coração puro, reconhecedor de sua incapacidade, da sua condição de
pecador e que, sem o poder de Deus, nada pode fazer.
A conclusão
única que se extrai desse raciocínio é: Deus
deve estar sempre em primeiro lugar, eis a coordenada que precisa reinar sempre na vida de cada
ser humano que se proponha a andar com o Senhor e viver
no espírito. Veja o ensinamento:
“Assim, pois, todo aquele dentre vós que não
renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”. Lucas
14.33
O homem que
de tal maneira procede, será sempre rico em todos os aspectos. Terá abundância
de paz, alegria, satisfação espiritual e ainda poderá ser farto de bens
materiais.
Disse-nos,
claramente o Senhor Jesus:
“E
todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos,
ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida
eterna”. Mateus 19.29
É importante observar que o ser humano que faz a vontade de
Deus vê satisfeitos todos os seus anseios espirituais e ainda poderá ser farto
dos bens materiais segundo o que deseja o seu coração, ao passo que, o homem
essencialmente carnal jamais encontrará a paz, buscará intensamente a
felicidade e não a encontrará, andará perdido e errante, além disso, jamais se
fartará das riquezas que vier a possuir, as quais farão dele uma pessoa
absolutamente infeliz.
A Palavra do
Senhor orienta claramente sobre esse assunto tão importante, mostrando a
inutilidade das coisas materiais. Vemos diariamente se cumprirem na prática
tais ensinamentos.
Nossos olhos chegam a se cansar de tanto ver pessoas se
enriquecendo no seu dia-a-dia, batalham, lutam intensamente, levantam-se de
madrugada, o dia é curto, adentram à noite, quase não dormem e quando chega à
hora de desfrutar o gozo de seu trabalho, vem o esgotamento físico, a doença e
por fim a morte ficando tanto patrimônio que tão caro custou em poder de quem
nem um pouco trabalhou: um filho, um genro ou mesmo um parente distante que,
por não conhecer os caminhos da herança recebida, na maioria das vezes põe tudo
a perder da noite para o dia.
Entretanto o ser humano não se dá conta de que está no
caminho errado, insiste no erro e não se volta para Deus. É a ação maligna
vedando os olhos do homem, impedindo-o de ver claramente que todo caminho e
toda luta sem a presença do Senhor é irremediavelmente vã, enfadonha e inútil.
Viver no espírito significa deixar o Senhor
dirigir sempre as nossas vidas, orientar nossos atos, purificar nosso ser, é viver
sob a direção do Santo Espírito de Deus.
Mesmo o crente
já conhecedor da verdade, que se apega ao seu patrimônio terreno e se mistura
com seus bens materiais experimentará toda a inutilidade inerente às coisas
carnais. Tornar-se-á numa pessoa avarenta e não enxergará jamais um palmo na
frente do nariz; ensina-nos a Palavra de
Deus que aquele que amar as riquezas não se fartará delas(Eclesiastes
5.10).
O referido cristão terá um coração de
pedra, jamais se compadecerá de um irmão desfavorecido, nunca conhecerá o
sentimento de solidariedade. Será um verdadeiro escravo de seus bens materiais
e o mais grave: sua conversão é duvidosa, pois não
pratica a vontade do Senhor e nem se lembra das diretrizes divinas abaixo
descritas:
“Amar a Deus sobre todas as
coisas, de toda a tua alma, de todo o teu coração, e de todo o teu entendimento
e com todas as tuas forças”
“Amar ao próximo como a ti
mesmo”.
A observância de tais mandamentos e a aplicação dos mesmos
em nosso dia-a-dia nos arrebata de maneira definida do mundo material,
levando-nos a um ponto mais alto, fazendo-nos despertar num nível superior,
direciona nossos passos nos
caminhos do espírito, onde opera a perfeita vontade do Todo Poderoso.
Quem vive
nesse território sublime e tão desejado, com certeza compreenderá melhor os
santos ensinamentos da Palavra de Deus, como por exemplo:
1 - Ação da viúva pobre que deitou apenas duas
moedas de oferta no templo:
“E sentando-se Jesus defronte do
cofre das ofertas, observava como a multidão lançava dinheiro no cofre; e
muitos ricos deitavam muito.
Vindo, porém, uma pobre viúva,
lançou dois leptos, que valiam um quadrante.
E chamando ele os seus
discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do
que todos os que deitavam ofertas no cofre;
porque todos deram daquilo que
lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu
sustento. Marcos 12. 41- 44.
Eis aí o exemplo de um coração inteiramente voltado para
Deus, de alguém que amou ao Senhor mais do que qualquer outra coisa, pelo que
recebeu de Jesus a justificação.
Aquela viúva não se preocupava com o dia seguinte, nem se
atinha aos cuidados dessa vida. Ela esperava sempre no Senhor, e nEle
depositava toda a sua confiança. Eis porque doou tudo que possuía, pois tinha
total convicção de que o Criador dos céus e da terra não deixaria lhe faltar
absolutamente nada.
Esse é o comportamento que agrada a Deus. Assim ensinou-nos o próprio Senhor Jesus:
“Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à
vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto
ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento,
e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as
aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai
celestial as alimenta. Não valeis vós
muito mais do que elas?
Ora, qual de
vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
E pelo que
haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como
crescem; não trabalham nem fiam;
contudo vos
digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles.
Pois, se
Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno,
quanto mais a vós, homens de pouca fé?
Portanto,
não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber?
ou: Com que nos havemos de vestir?
(Pois a todas
estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que
precisais de tudo isso.
Mas buscai
primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas.
Não vos
inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si
mesmo. Basta a cada dia o seu mal”. Mateus 6. 25-34
O Senhor nos oferece nos ensinamentos acima citados o
roteiro completo a ser utilizado por
todo aquele que pretender viver no espírito.
Eis o caminho onde existem com abundância as situações de
paz, alegria, felicidade, satisfação da alma e do espírito pelas quais de fato
anseia o ser humano, mas infelizmente todos buscam tais condições
insistentemente em direções contrárias no mundo das trevas onde não opera a
vontade do Criador.
2 - O mancebo de qualidade:
“E
eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para
conseguir a vida eterna?
Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre
o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os
mandamentos.
Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus:
Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho;
honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu
próximo como a ti mesmo.
Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado;
que me falta ainda?
Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai,
vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem,
segue-me.
Mas o jovem, ouvindo essa palavra,
retirou-se triste; porque possuía muitos bens.
Disse então Jesus aos seus discípulos: Em
verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus”. Mateus
19.16-24
Nesse exemplo, o jovem citado amou mais os bens materiais
do que as bênçãos celestiais, o que mereceu do Senhor uma séria observação:
“Dificilmente
um rico entrará no reino dos céus”
Esse ensinamento não está demonstrando que as pessoas de muitos recursos estão
excluídas do plano de Deus. Não, absolutamente não. O plano de salvação criado
por Deus alcança a todos os seres humanos indistintamente.
Tal ensinamento demonstra, contudo, claramente o destino
daqueles que confiam em suas riquezas, que amam mais os bens materiais do que
as bênçãos celestiais.
Infelizmente
até mesmo as igrejas estão cheias de pessoas assim, que amam mais as riquezas
seculares e os cuidados deste mundo do que a obra de Deus.
Se fizéssemos
aos irmãos a pergunta: Quantos poderiam afirmar com convicção e dizer com toda
propriedade?
“se eu sentir que a vontade do
Senhor é que renuncie a tudo que tenho, todos os bens materiais, estarei pronto
a obedecer.”
Certamente
ficaremos impressionados com a quantidade de pessoas que retornariam para suas
casas tristes e abatidas, exatamente como fez aquele mancebo de qualidade acima
citado, pois na verdade Deus para elas está em segundo plano, não ocupa o
primeiro lugar em suas vidas. Essa é uma dura realidade. Na verdade esse mal
acomete inclusive a vida de muitos lideres evangélicos.
A questão não se resume apenas aos bens materiais. Existe
uma infinidade de situações que recebem tratamento especial e os assuntos do
Senhor ficam para depois.
É o caso daqueles que deixam de ir à igreja para assistirem
a um futebol, ou realizar um negócio, ou visitar um amigo, ou ver televisão,
etc. e, se sobrar algum tempo, aí sim, irão assistirem a um culto, ou se
lembrarem lerão a bíblia e raramente se recolhem em momentos de oração.
Com certeza o Senhor
está farto de ver os rituais nas diversas denominações, em que o farisaísmo
domina todos os trabalhos do princípio ao fim, a religiosidade é a doutrina
dominante e ai do pregador que estender um pouco mais o culto, pois os
compromissos seculares comprimem a palavra de Deus, reprimem os corações mais
interessados, transformam numa dura obrigação o ato de servir ao Senhor dos
Exércitos.
Que pena! Quantas bênçãos o povo de Deus está
perdendo por conta de tais procedimentos.
Um filho de
Deus não pode se comportar dessa forma. O crente deve ser uma pessoa apaixonada
pelo Criador, precisa servi-lO com dedicação, amor e alegria. Estar reunido com
os irmãos para louvar e adorar ao Senhor tem de ser, antes de tudo, motivo de
satisfação e grande prazer.
3 - A Pregação de João Batista no deserto:
“Também
já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz
bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
Ao
que lhe perguntavam as multidões: Que faremos, pois?
Respondia-lhes
então: Aquele que tem duas túnicas reparta com o que não tem nenhuma, e aquele
que tem alimentos, faça o mesmo.
Chegaram
também uns publicanos para serem batizados, e perguntaram-lhe: Mestre, que
havemos nós de fazer?
Respondeu-lhes
ele: Não cobreis além daquilo que vos foi prescrito”. Lucas 3.9-13.
O texto sagrado acima citado
evidencia, em letras garrafais, a orientação de como se cumprir fielmente o
segundo maior mandamento anunciado pelo nosso Senhor Jesus Cristo do qual
fizemos referência em página anterior: “Amar
ao próximo como a si mesmo”.
Quem
vive no espírito sabe como praticar esse mandamento tão importante, e, além de não ter a
menor dificuldade em cumpri-lo, tem, na verdade, prazer em assim proceder.
O
comportamento cristão conduzido nessa dimensão “transporta-me” ao tempo dos
apóstolos. Os relatos sagrados revelam de forma generosa a conduta dos
primeiros seguidores de nosso Senhor Jesus, fazendo-nos ver com absoluta
nitidez que os precursores da pregação do evangelho de Cristo viviam de fato no espírito.
A Igreja primitiva praticava com
fidelidade os mandamentos sagrados acima referidos.
Os irmãos daquela época se
ajudavam mutuamente. Aqueles que detinham mais recursos disponibilizavam seus
pertences e a família de Deus era unida, o amor fraterno operava abundantemente
entre os irmãos, os crentes eram comprometidos com a vontade do Criador.
Na verdade, o sentimento de
solidariedade reinava entre os irmãos os quais buscavam praticar o amor ao
próximo de forma genuína, especialmente com aqueles que ainda não conheciam o
evangelho.
O
convívio dos apóstolos com o próprio Senhor Jesus, vivendo o dia-a-dia do
Mestre, facilitou o aprendizado, criou um sentimento genuíno e vibrante em
nossos irmãos que se entregaram de corpo e alma à tarefa de divulgar as
orientações do Senhor e o evangelho era pregado e praticado em toda a sua
essência.
Infelizmente, na pregação do
evangelho hoje em dia não existe uma unidade salutar. Boa parte dos
ensinamentos anda um tanto quanto adulterada, muitas denominações têm se
deixado contaminar, a religiosidade e o farisaísmo agridem a essência dos
preceitos sagrados. Prestigia-se acentuadamente o sistema, cria-se regras e
normas com a “cara” do homem, mas o evangelho simples, verdadeiro e genuíno
direcionado pelo Espírito Santo de Deus está esquecido, desprestigiado e
impedido de se manifestar.
Eis a razão que impede uma ação
mais presente do Senhor. Eis porque orações não são respondidas. Eis o motivo
pelo qual não vemos mais sinais e prodígios entre o povo de Deus, e quando
questionamos a esse ou aquele irmão, esses nos informam sempre sem convicção
nenhuma: “Tais fatos, são coisas do tempo antigo, a época desses acontecimentos
passou com o passamento dos apóstolos”.
Pelo
visto, para esses amados irmãos, o Deus daquela época não é o mesmo de hoje.
Não se pode saber onde está firmado o fundamento de suas convicções.
Precisamos resgatar a essência do
evangelho, precisamos voltar ao tempo dos apóstolos, e praticar os ensinamentos
do Senhor como faziam nossos irmãos do passado.
Se assim o fizermos, se
praticarmos os mandamentos acima referidos, se vivermos de fato em espírito
sepultando os vícios e defeitos da carne, com certeza iremos ver novamente os
mesmos sinais e prodígios que experimentou a igreja primitiva, uma vez que o
Deus de nossos dias é o mesmo de ontem e daquela época, pois o Senhor não muda,
é o mesmo, ontem, hoje e eternamente.
Finalizando é oportuno meditar
nos seguintes versículos:
“Digo,
porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne”.
Gálatas 5.16
“Não
reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas
concupiscências”.Romanos 6.12
“para
que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a
carne, mas segundo o Espírito”.
Pois todos os que são guiados pelo Espírito
de Deus, esses são filhos de Deus. Romanos 8. 4 e 14.
AMÉM
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