Esse cantar estridente
me faz contrair o peito,
Me traz de volta um
mundo quase perfeito,
Quando na inocência
vivia sem conhecer direito,
Os percalços da vida,
que surgem de todo jeito.
Me obriga a viajar na
contra - mão do tempo,
Em busca da história,
gravada no pensamento,
A mente desliza na
carona leve, ao sabor o vento,
O orvalho se mistura na
face e no meu olhar sedento.
.
Me faz relembrar as
lindas cenas, bem antigas,
Bem gravadas, e
definidas num canto da mente,
O pé da serra bem
íngreme e o arrepio da subida,
O curral da sede
esquecido, ferindo a alma da gente.
.
O contraste na relva do
morro e nas cercas da divisa,
Onde as aves pousavam
nas suas idas e vindas,
Nos finais das belas
tardes, já na boca da noite serena,
Ouvíamos o cantar
alegre da imponente Seriema.
.
A caminhada feliz em
busca do ingá maduro,
Que nas grotas era
farto, e no destino da gruta,
A turma fazia a festa
naquele ambiente seguro,
E mais alegre todos
ficavam, na colheita da fruta.
.
A casinha simples, num
canto do morro escondida,
Certamente chora
lembrando daqueles dias antigos,
Quando cheia vivia,
abrigando a nós e muitos amigos,
E a outros que lá
chegavam em busca de um abrigo.
.
O peito voa na saudade,
dos feitos daquela vida,
Me lembro das
empreitadas correndo no campo aberto,
À - pé, rompendo a
macega, ou a-cavalo no dia-a-dia da lida,
Buscando na relva
orvalhada, o gado para o manejo de perto.
.
Feito o violeiro sereno
que esquece muito contente,
Ao dedilhar sua viola,
de seus muitos problemas,
Deixo o dia num canto,
para me ocupar só da mente,
Ao ouvir o belo cantar
dessa linda Seriema.
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