Pensamentos
meus, onde me levas agora?
De
ondas e vagas, firmes que se propagam,
Numa viagem
serena, por quem não tem pena,
Do
coração que reclama a ausência da mais bela cena.
.
Na
brisa mais lisa, desliza mundo afora, sem hora,
Ao
sabor do vento supero o lamento e lágrimas que rolam
Estás
tão longe, mas, presente na minha mente agora,
O abstrato
me encanta, me faz delirar, e abraçar,
O
imaginável que se instala, cresce e me faz viajar.
.
Viajo
contigo, não ligo, ofereço meu ombro, aceito o abrigo,
Você
nem me vê, mas estou bem aí, juntinho de você,
O
vento bate na face, percorre o meu peito, tira o efeito,
O
sangue ferve, a velocidade cresce, mas, me vejo inda no eito.
.
Do
Norte, um sinal me persegue, nas águas do grande rio,
Na
densidade do verde, dois brilhantes, indicam o caminho,
Na
fartura do ar mais puro, o intenso brilho me faz arrepios,
No
clarão da noite, supero o açoite, e vou cobrindo o vazio.
.
Do
Sul, o vento sopra com força, afastando dilemas,
Que
crescem num labirinto profícuo, onde a razão ensina,
Que
nas teias avessas, de uma vida densa e serena,
Não se
criam, motivos que se perdem em qualquer esquina.
.
Dos
confins mais longínquos, me chegam a todo instante,
Notas
dedilhadas, de um belo canto, sussurros inebriantes,
Gotas
bem dosadas de um pensamento marcante,
Que
ficou gravado na mente de um teimoso viajante.
.
Naquelas
bandas, distante que só, reside um fascínio,
Que
espalha seu brilho, seduz o andarilho, sem dó,
Contagia
seu ambiente, perfuma a atmosfera tão pura,
Arranca
elogios, sufoca a razão, fazendo esquecer os brios.
.
Voando
mais alto, após as nuvens me deleito na cor da neve,
Que
escreve uma mão caprichosa, enfeitando a beleza,
Nas
belas corredeiras, que se escondem com graça e leveza,
Onde a
perfeição exagera na parte mais rica da natureza.
.
Nos
ramos doirados, coloridos e aveludados que buscam o chão,
De uma
árvore tão bela que se destaca no meio da densa selva,
Atraindo
os olhares de toda a fauna reunida, tendo a flora na mão,
Exalando
o perfume que estonteia, orvalhando a ávida relva.
.
O
pensamento segue, subindo ladeiras, quebrando pedras,
Superando
desafios, abrindo caminho, em busca da recompensa,
Das
contas inebriantes que nem me dão contas, e derrete o peito,
Fico
sem jeito, pelas frestas que restam, abraçando lembranças.
.
Me
contento com pouco, não quero muito, não quero nada,
O
peito vibra no registro que traz, isso basta é o que me apraz,
Gravando
contente a marca da mente e a imagem que sente,
Que
vale a pena olhar, aplaudir a beleza, inda que longe se faz.